Plano de
aula 4 - Gestão das águas
Objetivo(s)
- Identificar pontos de pressão e conflitos pelo uso da água no Brasil e no mundo;
- Reconhecer e avaliar políticas e medidas de gestão compartilhada dos recursos hídricos nacional e internacionalmente;
- Promover ações na escola e na comunidade que contribuam para preservar os recursos hídricos disponíveis
Conteúdo(s)
Água: conflitos, cooperação e gestão dos recursos hídricos
Ano(s) :
6º ao 9º
Tempo
estimado : 4 aulas
Material necessário
Planeta
Sustentável
Desenvolvimento
1ª etapa
Introdução
Este é o
quarto plano de aula de uma série de cinco propostas, que traz como tema
central a gestão da água no Brasil e no mundo. Nos planos anteriores, foram
abordados temas como o ciclo da água, a distribuição e disponibilidade do
recurso em nosso país e em outras regiões do planeta e a questão dos usos e consumo da água.
Agora, vamos tratar da identificação dos pontos de pressão e conflitos pelo uso
da água, bem como das formas de cooperação e gestão compartilhada dos recursos
hídricos.
Trata-se
de responder à pergunta: "onde há pouca água, quem deve utilizá-la
prioritariamente?" Como ressaltam os especialistas Robin Clarke e Jannet
King, vêm ocorrendo avanços no uso compartilhado de bacias hidrográficas entre
os países. No Brasil, as leis aprovadas a partir do final da década de 1990
indicam prioridades de usos e medidas e políticas de gestão integrada e
recuperação dos cursos d¿água e bacias. Mas ainda há muito por fazer, como os
estudantes poderão comprovar.
O próximo
plano de aula encerra a série sobre a água, com o debate sobre água e geração
de energia.
Planos de
aula, projetos de trabalho na escola e sequências didáticas podem se orientar
pelas seguintes questões: que ações precisam ser desenvolvidas para garantir a
qualidade e disponibilidade de água para diferentes usos? Existem leis sobre
isso? O que elas indicam? O que significa gestão integrada dos recursos
hídricos? Qual é o papel dos diferentes atores sociais quando estão em questão
a oferta e a qualidade da água?
Vale a
pena retomar assuntos já discutidos em sala de aula. Situe alguns pontos de pressão,
em que a escassez de recursos hídricos provoca conflitos e tensões entre
países. Entre eles estão a disputa pelas águas da bacia do rio Jordão, entre
Israel, Jordânia e Síria. A água é um tema importante também nos embates entre
israelenses e palestinos. Enquanto os primeiros têm um consumo médio diário por
pessoa de 350 litros, os segundos ficam com 71 litros. Israel extrai cerca de
75% da água do alto curso do Jordão, desviados por mais de 200 quilômetros de
canais. Há disputas também na Ásia central pela posse e pelo uso das águas dos
rios Sry Darya e Amu Darya. Do mesmo modo na América do Norte: EUA e México têm
contenciosos antigos pelas águas do rio Colorado - hoje minguadas e
salinizadas.
No século
20, diversos lugares foram palco do uso da água como arma de guerra: na antiga
Iugoslávia, em 1999, quando os sérvios cortaram o abastecimento para o Kosovo,
no Nepal, na Malásia, na Austrália, na bacia do Okavango, sudoeste da África, e
muitos outros (consulte também a série Líquido Precioso, do
Planeta Sustentável).
Embora o
Brasil disponha de aproximadamente 12% do volume total de água doce do planeta,
a distribuição e, em especial, a apropriação do recurso, não são homogêneas.
Peça que os estudantes examinem o gráfico "Desafios da Gestão da Água no
Brasil" (abaixo). Eles poderão constatar as particularidades de cada
grande região brasileira. Em grandes metrópoles, aumenta a demanda de água e a
busca pelo recurso em bacias vizinhas, caso da Grande São Paulo, em que parte
das necessidades são atendidas pelas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí. Os embates tem sido difíceis mesmo nos Comitês de Bacias
Hidrográficas. Na metrópole, a ocupação avança pelas áreas de mananciais e a
ausência de coleta e tratamento de esgoto, regra geral para metade dos
domicílios do país, ainda é um desafio (e dificilmente aparece como prioridade
de governantes).
Destaque
para a garotada que a gestão integrada da água depende, assim, de mapear e
conhecer o recurso em diferentes ambientes (águas superficiais, subterrâneas,
na atmosfera), otimizar os seus múltiplos usos, a economia e o tratamento da
água. É preciso também conhecer os atores, as atividades e os grupos que
demandam e utilizam cada bacia. Como a água se torna cada vez mais valiosa,
organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a gestão
compartilhada e integrada é a melhor saída para atender a todos.
Mostre
também que o debate sobre o uso da água deve comportar diversas variáveis e
dimensões, como indica o Plano Nacional de Recursos Hídricos, entre elas o
espacial (incluindo a urbanização), a ambiental, a política, a
legal-institucional, a econômica, a demográfica e a sócio-cultural, as novas
tecnologias, as questões de saúde e de desenvolvimento humano. Cresce também a
importância e a responsabilidade dos municípios.
2ª
etapa
Proponha
que pesquisem para as próximas aulas o que estabelece a recente legislação
brasileira, no que toca à gestão dos recursos hídricos, os comitês de bacias e
os programas de revitalização de rios e bacias (ver indicações ao final
deste plano).
Asia
central: muitos países e poucos rios
Bacia do
rio Jordão
Desafios
da gestão da água no Brasil
Peça
aos jovens que apresentem os resultados das pesquisas indicadas antes. Assinale
para os alunos que a partir de 1997 instituiu-se no Brasil um novo arranjo
institucional para o gerenciamento dos recursos hídricos. Criou-se um sistema
nacional, composto pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos, que possui metas e
ações, um Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e os comitês de bacias
hidrográficas. Estas são instituições compostas pelos poderes públicos e
representantes da sociedade civil. Os comitês debatem a situação da bacia,
promovem estudos e levantamentos e tomam decisões sobre cobrança pelo uso da
água (diferenciado, por exemplo, para grandes empresas) e o rateio de custos de
obras de uso coletivo e comum. Alguns comitês, como o rio Paraíba do Sul, que
percorre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estão em estágio avançado.
Outros pontos ainda merecem debate público, como a transposição do São
Francisco, e o abastecimento e reaproveitamento da água nas grandes cidades.
Na escala
global, alguns avanços merecem destaque, como a aprovação pela ONU da Lei de
Uso Não-Náutico de Cursos D'água Internacionais. Segundo Clarke e King, o
cenário tem mostrado avanços na cooperação. São exemplos as comissões para
gerir as águas do rio Indo, entre Índia e Paquistão, e do rio Mekong, no
sudeste asiático, e também acordos na bacia do rio Nilo. A gestão da água, seus
avanços e impasses, configuram um bom tema para uma dissertação individual.
Encomende a tarefa e discuta os resultados com os alunos.
Avaliação
É
essencial avaliar o domínio dos conceitos, noções e processos em jogo nessa
sequência de atividades, de acordo com os objetivos iniciais. Entre elas, as de
conflito, escassez, gestão integrada e compartilhada. Examine o conjunto da
produção de textos e a participação de cada um. Reserve um tempo para que as
turmas avaliem as experiências.
Quer
saber mais?
O Atlas
da Água, de
Robin Clarke e Jannet King. Publifolha, tel. 0800-140090. Publicação com dados
e estatísticas atualizados, conflitos pelo uso da água e prognósticos sobre sua
disponibilidade. Consulte a parte 5, que destaca os conflitos e a cooperação.
Água como Mercadoria, de Renato Tagnin, em Desafios do Consumo, organizado por Ricardo Mendes Antas Jr., Ed. Vozes, tel. (24) 2237-3382.
Internet
Secretaria dos Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente traz informações sobre o sistema nacional de gestão de recursos hídricos e sobre a revitalização de bacias importantes, como a do São Francisco, do Araguaia-Tocantins e outras.
Água como Mercadoria, de Renato Tagnin, em Desafios do Consumo, organizado por Ricardo Mendes Antas Jr., Ed. Vozes, tel. (24) 2237-3382.
Internet
Secretaria dos Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente traz informações sobre o sistema nacional de gestão de recursos hídricos e sobre a revitalização de bacias importantes, como a do São Francisco, do Araguaia-Tocantins e outras.
Comitês de Bacias Hidrográficas responde
a questões como: quais são os órgãos encarregados de fazer o gerenciamento dos
recursos hídricos no Brasil? Quais são suas principais atribuições? Quem
participa deles? O que são e o que fazem os Comitês de Bacias Hidrográficas?
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