segunda-feira, 6 de abril de 2015

Série sobre água 1-- O caminho das águas



O caminho da água

Objetivo(s) 
Identificar a presença da água no cotidiano e reconhecer sua importância como recurso natural indispensável à vida no planeta. 
Reconhecer as diferentes etapas e processos que constituem o ciclo da água na natureza e avaliar repercussões das alterações nele promovidas pelas atividades humanas.

Conteúdo(s) 
Água: distribuição, usos e consumo e ciclo da água

 Ano(s) 6º ao 9º
Tempo estimado: Quatro aulas

Material necessário 
Planeta Sustentável

Desenvolvimento : 
1ª etapa 
Introdução 
Ao lado da biodiversidade e do aquecimento global, a disponibilidade de água está se tornando uma das principais questões socioambientais do mundo atual. Relatórios da ONU indicam que quase 20% da humanidade - cerca de 1 bilhão de pessoas - não têm acesso à quantidade mínima aceitável de água potável e aos 20 a 50 litros diários necessários para beber, cozinhar e tomar banho. Em contrapartida, o consumo per capita em países ricos como Estados Unidos e Canadá é de 300 litros diários de água. Inúmeras regiões do planeta já estão marcadas pela escassez e pelo estresse hídrico - desequilíbrio entre demanda e oferta de água, causado, entre outros fatores, pela contaminação dos recursos. Esse quadro vem gerando disputas e conflitos.
Este plano de aula inicia uma série de cinco propostas para trabalhar com a questão hídrica no ensino Fundamental. Serão abordados aqui, sob o ângulo da sustentabilidade e do consumo consciente, a origem, composição e distribuição da água e seus caminhos pela natureza, essenciais para compreender sua importância: sem ela, não seria possível a vida na Terra.

De onde vem a água? Como ela chega até as nossas casas, pronta para o consumo? Como a utilizamos? Como podemos economizá-la, evitando o risco de o recurso faltar no futuro? Essas questões podem ser o ponto de partida para planos de estudo, projetos ou sequências didáticas sobre a questão da água.
A moçada pode iniciar o trabalho com uma conversa sobre as questões propostas inicialmente. Em seguida, vale a pena assistir ao vídeo preparado pelo Instituto de Física da Universidade da USP (veja indicação no final deste plano), que traz belas imagens ao som da música Planeta Água, de Guilherme Arantes, além de questões que servirão à reflexão dos alunos ao longo da sequência didática. Proponha que anotem os dados e escrevam pequenos textos respondendo às questões propostas no vídeo: qual a quantidade de água doce disponível na natureza? Onde ela se encontra? O que cada indivíduo ou grupo social pode fazer para a conservação desse recurso? Retome essas questões na aula seguinte, quando os estudantes terão a oportunidade de analisar novos dados.
2ª etapa 

Levando em conta as diferenças de aprendizagem entre as turmas, os alunos devem começar a análise de dados e informações sobre a distribuição, a disponibilidade e o ciclo da água. Proponha que examinem os gráficos abaixo e organizem os dados sobre os recursos hídricos no planeta, percentuais de água doce e salgada e a distribuição da água na superfície terrestre e na atmosfera (a reportagem "Líquido precioso" tem mais dados a respeito - ver indicação no final desse plano). Se necessário, faça demonstrações com as proporções indicadas. Os dados levantam uma importante questão, que encaminha o debate sobre o fato de que apenas 2,5% da água é própria para consumo humano. Desse índice, somente 0,3% está nos rios e lagos e quase 70% nas geleiras e coberturas permanentes de neve, de difícil obtenção e aproveitamento.
 
 





















































Em seguida, proponha que examinem o ciclo da água, ou ciclo hidrológico, destacando as etapas de radiação solar, evapotranspiração, condensação e formação de nuvens, precipitação, escoamento superficial e infiltração (ver o quadro abaixo). O exame de cartas sinóticas também auxilia na compreensão da circulação das massas de ar e do transporte de água na atmosfera. Trabalhe aqui com a garotada as possíveis alterações ou interrupções do ciclo da água e suas eventuais repercussões - caso da cobertura dos solos pelo asfaltamento e edificações, que acelera o escoamento superficial e dificulta a infiltração da água. A reflexão pode ser feita também sobre o fato de que a quantidade de água na Terra é sempre a mesma, o que indica a necessidade de medidas e práticas para evitar o comprometimento, desperdício ou consumo exacerbado do recurso.

CICLO DAS ÁGUAS
A água pura (H2O) é um líquido formado por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio e os cientistas acreditam que apareceu no planeta cerca de 4,5 bilhões de anos atrás. O ciclo da água, também denominado ciclo hidrológico, é responsável pela renovação da água no planeta. A água é fator decisivo para o surgimento e o desenvolvimento da vida na Terra.

As forças da natureza são responsáveis pelo ciclo. Ele se inicia com a energia solar incidente no planeta, que é responsável pela evapotranspiração das águas dos rios, reservatórios e mares, bem como pela transpiração das plantas. O vapor d'água forma as nuvens, cuja movimentação sofre influência do movimento de rotação da Terra e das correntes atmosféricas. A condensação do vapor d'água forma as chuvas. Quando a água das chuvas atinge a terra, ocorrem dois fenômenos: o escoamento superficial em direção dos canais de menor declividade, alimentando diretamente os rios, e a infiltração no solo, alimentando os lençóis subterrâneos. A água dos rios tem como destino final os mares e, assim, fecha-se o ciclo das águas. A movimentação da água na natureza é mostrada na figura a seguir.


O volume total da água permanece constante no planeta, estimado em 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos. Os oceanos constituem cerca de 97,5% de toda a água do planeta. Dos 2,5% restantes, aproximadamente 1,9% estão localizados nas calotas polares e nas geleiras, enquanto apenas 0,6 % é encontrado na forma de água subterrânea, em lagos, rios e também na atmosfera, como vapor d'água.
Fonte: Cetesb. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

 3ª etapa 
Dedique as duas últimas aulas à preparação e à exposição dos resultados finais. Com base no que já foi visto, proponha aos estudantes o debate sobre formas de economizar e utilizar adequadamente a água (a reportagem "Poluição e desperdício reduzem a água disponível no Brasil" tem dados sobre usos e consumo no Brasil - ver indicação no final desse plano). Esclareça que, para chegar às residências e aos estabelecimentos comerciais e industriais, a água é captada em rios, lagos ou reservatórios, vai para uma estação de tratamento, onde passa por processos de filtragem e purificação, sendo distribuída pela rede aos domicílios e estabelecimentos, pronta para o consumo. Recomenda-se filtrar ou ferver a água antes de bebê-la.

As turmas devem elaborar textos dissertativos ou pequenos registros audiovisuais, feitos em computador, sobre o combate ao desperdício da água. Enfatize que, nos trabalhos, é importante levar em conta as diferenças sociais, que marcam o acesso ao recurso. Lembre também que quase 70% da água para as atividades humanas destina-se à agricultura e à criação de animais, 21% para uso industrial e apenas 10% para uso doméstico.
Avaliação 
Leve em conta os objetivos definidos inicialmente. Como a sequência didática é um conjunto articulado de aulas e atividades, registre a participação dos estudantes nas diferentes etapas e nos trabalhos individuais e coletivos. Examine a produção de textos, painéis, desenhos e outros trabalhos realizados por eles. Se necessário, promova debates ou atividades individuais para examinar o que os estudantes aprenderam neste percurso.

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Quer saber mais?
Bibliografia
Ambiente Brasileiro: 500 Anos de Exploração dos Recursos Hídricos, Aldo Rebouças, em Patrimônio Ambiental Brasileiro, Wagner C. Ribeiro (org), Edusp, tel. (11) 3091-2911.

Internet
Revista de Estudos Avançados, v. 22, n. 63, São Paulo, IEA-USP, 2008 (Dossiê Água).
Recursos Hídricos, José Galizia Tundizi, em Revista Multiciência, Unicamp.
Dicas de como economizar água.
A Agência Nacional de Águas apresenta um balanço hídrico do Brasil.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo oferece explicações sobre o ciclo da água e a gestão dos recursos hídricos.
O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos disponibiliza dados sobre previsão do tempo, cartas sinóticas e fenômenos climáticos.

Vídeo
Vídeo da USP Saber sobre a água


 Material para o planejamento:
      Água: sinônimo de consciência ambiental

Toda criança de Zurique, na Suiça, cresce sabendo que pode beber água de qualquer fonte da cidade. E se quiser nadar no principal lago e cartão postal da região? Também pode. Afinal, essa é a cidade em que água é sinônimo de vida e, também, de consciência ambiental
Por Suzana Camargo, de Zurique, Suíça - Edição: Mônica Nunes
                                                  Planeta Sustentável – 09/10/2008
Ao abrir qualquer torneira em Zurique, o que sairá dela é uma mistura de 70% da água do Zurichsee (principal lago da cidade), 20% de água do subsolo e 10% de fontes naturais. A mistura é potável. Água cristalina, pronta para beber. Até o leite da mamadeira do bebê pode ser preparado com ela.
A água aqui é um grande orgulho, mas nem sempre foi assim. O turista que consegue ver, hoje, o fundo do Zurichsee, através de suas águas límpidas, não pode imaginar como era sua condição na década de 70. O lago era tão poluído, que a luz do sol não atravessava a escuridão, dez metros abaixo da superfície. Estudos apontaram a causa do problema: excesso de fosfato no lago. Grandes quantidades do sal estavam provocando o aparecimento de algas que poluiam a água.
O governo local fez um investimento financeiro gigantesco para limpar o lago. O trabalho de despoluição envolveu novas leis de proteção ambiental e a construção de modernas estações de tratamento de água. Um dos responsáveis pelo projeto foi o Eawag - Instituto Federal Suíço de Ciência e Tecnologia das Águas -, um dos mais importantes do mundo no setor. Mas não foi fácil. Foram necessários 30 anos para que o lago voltasse a ter a água com a mesma qualidade do passado. “Só no ano 2000, o Zurichsee voltou a ser o que era na década de 50”, revela Ulrich Bosshart, vice-diretor do Departamento de Águas de Zurique.
Hoje a cidade pulsa e vive ao redor do lago. No verão, é a praia local. Milhares de pessoas tomam banho no Zurichsee e há constantes eventos e competições sendo realizados lá. É possível beber a água do lago? Bosshart dá uma risada e responde. “Se você estiver nadando e tomar um pouco da água, não há problema nenhum”. Restaurantes, bares e shows ao ar livre são realizados no entorno do lago. Poucas metrópoles européias têm o privilégio de ter uma área pública como essa, bem no centro histórico, turístico e urbano da cidade, que pode ser tão aproveitado assim. 
“A Suíça é privilegiada na sua localização. Está bem próxima de montanhas, o que garante um farto abastecimento de água natural”, afirma Bosshart. Somente o Zurichsee tem capacidade de 3,4 bilhões de m3 de água. Mas há ainda 280 fontes naturais na região. Entretanto, a qualidade da água, que abastece aproximadamente 800 mil pessoas na região 
metropolitana de Zurique, depende também de outros fatores. Quatro estações são responsáveis pela captação e tratamento da água subterrânea (Hardhof), do lago (Lengg e Moos) e de uma grande fonte natural (Sihlbrugg). Na sequência, a mistura percorre cerca de 1.550 km pela rede de tubulação de água para chegar em cada casa da cidade.
E como evitar a poluição desses mananciais naturais? Leis rígidas e fiscalização intensa. As indústrias são obrigadas a fazer um pré-tratamento dos resíduos antes de despejá-los na rede de esgoto. Para navegar no Zurichsee, os barcos devem ter motores de qualidade, não poluentes. Outra restrição curiosa. Na Suíça é proibido instalar trituradores nas pias (aparelho que pica restos de alimentos e os joga na rede de escoamento da água). “A adição desse lixo orgânico na rede de águas provoca o aparecimento de bactérias e aumenta muito o custo do tratamento”, explica Bosshart.
O lago de Zurique é monitorado constantemente. Seu uso pela população, principalmente durante os meses de calor, não afeta em nada a qualidade de sua água. “Percebemos a presença de substâncias provenientes de protetores solares, por exemplo, mas em quantidades tão pequenas, que não comprometem, em nada, o seu valor”.
Além de ter o privilégio de beber um copo de água que sai direto da pia, quem passa pelas ruas dessa cidade pode também saborear a água das 1.200 fontes. A maioria delas oferece a mesma mistura que chega até as casas. Entretanto, cerca de 400 fontes são abastecidas com água mineral. Nelas, a água vem direto da fonte subterrânea, pura e natural. Pensando sempre mais adiante, planejando o amanhã e não somente o presente, há na área metropolitana outras 80 fontes emergenciais. Caso haja algum problema no abastecimento de água, elas têm um sistema independente da rede local. E não é preciso preocupação com higiene. Pode parecer inacreditável, mas as fontes são lavadas diariamente.
Atualmente, tap water, ou seja, água da pia, está muito em voga. Estima-se que, para chegar até o consumidor, ela consome mil vezes menos energia do que uma garrafa de água mineral. A apreciação por esse recurso natural é tão grande, que recentemente foi lançado um novo souvenir oficial da cidade. É a garrafa ZH20, feita de aço inoxidável, com capacidade para 400 ml de água. Fresca e potável, obviamente proveniente das fontes de Zurique, é um incentivo para que turistas e moradores matem sua sede com uma água segura e barata, ao invés de gastar dinheiro com a mineral, que vem em embalagem de plástico, longe de ser ecologicamente correta. Melhor ainda é saber que, cada consumidor ao comprar a ZH20 ajuda um projeto para levar água potável e com baixo custo para as crianças da Tanzânia.
Será realmente maravilhoso se os suíços conseguirem exportar todo esse conhecimento em administrar os recursos hídricos para outros países, que ainda estão longe de viver uma realidade como a daqui.
                                 Fonte : Nova Escola


Brasil é referência mundial para preservação da água?

O Instituto Hidroex, localizado na região do Triângulo Mineiro, tem grandes chances de ser incluído na rede internacional de referência em recursos hídricos da Unesco por promover, com seriedade, debates sobre a utilização e preservação da água na América Latina e na África
                   Débora Spitzcovsky - Planeta Sustentável - 07/05/2009

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil detém 26% da água doce de todo o planeta. Entender sobre a utilização e preservação do recurso hídrico, portanto, é praticamente obrigatório no país, principalmente, na região que é conhecida por ser a “Caixa d’água do Brasil”, como é o caso de Minas Gerais. O estado é o maior fornecedor de água potável no país e, ainda, é divisor de várias bacias hidrográficas, inclusive internacionais. 
Nesse cenário, foi praticamente irresistível a criação do Instituto Hidroex, na região do Triângulo Mineiro, em 2001, para atuar como centro produtor e difusor de conhecimento das questões relacionadas à água na América Latina e na África. A ideia deu tão certo que, na semana passada, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, foi até Paris participar de uma reunião com o diretor-geral da Unesco, Koichiro Matssura, que, entre outras coisas, visava discutir a inclusão do Hidroex na rede mundial de referência em recursos hídricos da Unesco. 
Aécio Neves voltou sem uma resposta definitiva da Unesco. No entanto, o Conselho da organização deixou claro, no final da reunião, que o Hidroex atua de acordo com as normas e objetivos da Unesco, o que é um passo extremamente positivo rumo à aprovação do Instituto na rede. 
Uma das exigências da Unesco para todos os integrantes da rede internacional de referência em recursos hídricos, no entanto, ficou faltando para o Hidroex: a autonomia administrativa e jurídica do Instituto. Mas o governo de Minas Gerais já anunciou que enviará, em breve, para a Assembléia Legislativa um projeto de Lei que modifique a condição do Hidroex. 
Dessa maneira, a expectativa é de que, ainda este ano, durante a Conferência Geral da Unesco, o Instituto seja oficializado como membro da rede mundial e coloque o Brasil no rol de países que estão, realmente, engajados na preservação da água . “A criação do Hidroex vai além dos méritos de estudos, qualificação de pessoal. Ele me sensibilizou pelo espírito de solidariedade que carrega”, disse Márcio Barbosa, diretor-geral adjunto da Unesco.


Quantos litros de água potável restam na Terra?
Quanto tempo a água que temos, hoje, vai durar?
Quanta água usamos para produzir alimentos? E na indústria?
Onde falta água e onde ela é abundante no planeta? 
Veja as respostas através dos infográficos criados pela equipe da revista Mundo Estranho
Por Pedro Burgos




Quanto se usa para produzir os seguintes alimentos? E nas indústrias? 
 



Falta ou abundância?
Percentual da população mundial por disponibilidade de água. 


Quanto custa o litro de água
Percentual do salário gasto com água, dados em 2003



Além da fronteira
Percentual de água renovável vinda de fora do país Fontes: Aquastats (Relatório da FAO-ONU de 2003); World Development Indicators (Relatório do Banco Mundial de 2003); Atlas da Água (2005), de Robin Clarke e Jannet King



Poluição e desperdício reduzem a água disponível no Brasil
O país é rico em disponibilidade de água, com 12% do total do mundo, mas a distribuição no território é muito desigual
Por Sérgio Adeodato - Guia do Estudante - Atualidades e Vestibular 11/2009
Se o assunto é água, o Brasil é um país privilegiado. Sozinho, detém 12% da água doce de superfície do mundo, o rio de maior volume e um dos principais aqüíferos subterrâneos, além de invejáveis índices de chuva. Mesmo assim, falta água no semi-árido e nas grandes capitais, porque a distribuição desse recurso é bastante desigual. Cerca de 70% da reserva brasileira de água está no Norte, onde vivem menos de 10% da população. Enquanto um morador de Roraima tem acesso a 1,8 milhão de litros de água por ano, quem vive em Pernambuco precisa se virar com muito menos - o padrão mínimo que a ONU considera adequado é de 1,7 milhão de litros ao ano. A situação pode ser pior nas regiões populosas, nas quais o consumo é muito maior e a poluição das indústrias e do esgoto residencial reduz o volume disponível para o uso. É o caso da bacia do rio Tietê, na região metropolitana de São Paulo, onde os habitantes têm acesso a um volume de água menor do que o recomendado para uma vida saudável.
Além da poluição, o que preocupa a maior metrópole do país é a ocupação irregular das margens de rios e represas, como a de Guarapiranga, que mata a sede de 3,7 milhões de paulistanos. A seu redor, vivem cerca de 700 mil habitantes. Com o desmatamento das margens para a construção das casas, grande quantidade de sedimentos foi arrastada para a represa, que perdeu sua capacidade de armazenamento e ainda recebe o esgoto de muitas residências. O problema se repete na represa Billings, também responsável pelo abastecimento de São Paulo. Esse manancial é destino final das águas poluentes que são bombeadas dos rios Tietê e Pinheiros para manter seu curso.
A alternativa foi trazer água de uma bacia hidrográfica vizinha, a do rio Piracicaba-Jundiaí-Capivari, que abastece a metade da metrópole paulistana. Isso acabou gerando uma disputa regional. No total, 58 municípios compartilham esse manancial, e a solução foi criar o Banco das Águas, um acordo que estabelece cotas de captação para a região metropolitana de São Paulo (31 metros cúbicos por segundo) e para o conjunto dos municípios da região de Piracicaba (5 metros cúbicos por segundo). Nesse sistema, tanto um lado como o outro podem ir além desses limites como compensação, caso tenha retirado menor quantidade de água em períodos anteriores.

DEMOCRATIZAÇÃO DA ÁGUA

Essa política de uso das águas foi definida por um comitê, formado em 1993, para acabar com a briga sobre quem tinha direito a que nessa bacia hidrográfica. Esse modelo, pioneiro no Brasil, inspirou quatro anos depois a Lei das Águas, dando a possibilidade de criar em nível nacional um sistema que harmonizasse os diversos usos dos mananciais - geração de energia, abastecimento da população e irrigação de cultivos. A Agência Nacional de Águas é o órgão do governo federal responsável pela gestão dos recursos hídricos no país. Esse trabalho é conduzido em parceria com os Comitês de Bacia, que se espalharam no Brasil, após a nova legislação. Os comitês reúnem representantes da sociedade civil em cada região para sugerir iniciativas para preservar os rios e evitar conflitos.
A atual legislação reconhece os vários usos para a água e determina que a prioridade seja sempre para o abastecimento humano e animal. O Brasil tem 89,1% da população urbana com acesso a redes de distribuição de água. Nas residências rurais, a situação é menos confortável: só 17% são atendidas. O uso doméstico e industrial corresponde hoje a 30% de todo o consumo do país. O setor que mais utiliza recursos hídricos é a agricultura, com 70% do consumo. 

MELHORAR O USO
Um dos meios para equilibrar essas necessidades é a cobrança pelo uso dos rios por indústrias e outros agentes econômicos. Criado a partir da Lei das Águas, o sistema é aplicado nas bacias dos rios Piracicaba-Jundiaí-Capivari e do Paraíba do Sul, e há projetos para o início da cobrança em outras regiões. Como resultado, para diminuir custos, muitas indústrias cortaram o consumo pela metade. Associado a isso, reduzir o desperdício é uma das medidas para preservar mananciais. Outras iniciativas são o reúso de água por indústrias e a reciclagem de esgoto para irrigar jardins e lavar ruas.
O grande problema de água do Brasil é, sobretudo, seu mau uso. Em razão de uma rede de distribuição obsoleta, avariada e insuficiente para atender a população, 40% de toda a água encanada se perde. Além disso, mais da metade dos municípios brasileiros ainda não têm rede de esgoto, o que reduz a água potável disponível para o consumo da população.

                         ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Uma importante fonte potencial de abastecimento são as águas subterrâneas, aquelas que ocupam os espaços existentes entre as rochas do subsolo e se movem pelo efeito da força da gravidade. Seu volume é calculado em cerca de 100 vezes mais do que o das águas doces superficiais (rios, lagos, pântanos, água atmosférica e umidade do solo). No território brasileiro, as reservas de águas subterrâneas em aquíferos são estimadas em 112 trilhões de metros cúbicos, e o mais importante deles é o Aquífero Guarani.
Trata-se da principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e ocupa 1,19 milhão de quilômetros quadrados. Esse aquífero se estende pelo subsolo de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e por partes do território do Uruguai, do Paraguai e da Argentina. Uma camada de rocha basáltica retém as águas e as protege de contaminação. Pelos atuais estudos, o Aquífero Guarani tem armazenados 45 trilhões de metros cúbicos de água, dos quais 160 bilhões são extraídos por ano para diversos fins. No momento, ainda é pouco usado para esse fim, embora haja poços artesianos que captem suas águas. Em pontos nos quais chega mais perto da superfície, já está sofrendo ameaças de contaminação



Líquido precioso
A poluição e o mau uso de mananciais ampliam a escassez hídrica e fazem do acesso à água potável um foco de tensão em diversas partes do globo
O corpo humano é composto de mais de dois terços de água. Para manter a saúde, precisamos bebê-la várias vezes ao dia. É condição básica para a existência da vida; faz parte da rotina de todos. Com ela, escovamos os dentes, tomamos banho, lavamos roupa e louça e ainda geramos energia elétrica, produzimos alimentos, movemos indústrias, transportamos mercadorias e aproveitamos o lazer. O planeta, fornecedor dessa fonte vital, também precisa dela para manter-se saudável – e garantir o equilíbrio do clima e dos ambientes naturais. Não é por acaso que a água simboliza a vida. O problema é que se torna um bem cada vez mais escasso. Mais que isso. Disputada como um tesouro raro e precioso, ela pode se transformar em motivo de violência e guerra, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, calcula-se que 2,2 bilhões de habitantes, quase um terço da humanidade, sofre com a falta de água potável. Em 20 anos, serão 3,9 bilhões com sede.
























Estima-se que a principal disputa no planeta nos próximos 50 anos não será por petróleo, ouro ou carvão – mas por água. O alerta consta do relatório divulgado pela ONU no Dia Mundial da Água. Dentro de um cenário de crise, aumenta a briga pela posse e pelo uso desse recurso. A questão preocupa, porque a desigualdade e a escassez tendem a aumentar os conflitos. Além de atritos entre grupos rivais em um mesmo país, há embates diplomáticos entre nações e outras desavenças que podem culminar nas próximas décadas em confrontos armados pelo controle de mananciais. O relatório identifica 46 países nos quais há risco de essa crise provocar brigas. O perigo é maior entre nações que vivem escassez e compartilham o uso de rios e lagos. Existem no planeta263 bacias hidrográficas transnacionais, abrangendo 145 países. Mais de 40%da população mundial habita essas áreas, como o mar Cáspio e o mar de Aral, na Ásia; o lago Chade e o lago Vitória, na África, e os Grandes Lagos da América do Norte.
Em alguns casos, as fontes são disputadas litro a litro, como no Oriente Médio, onde dominar a água é estopim de guerras desde a Antiguidade. Israelenses e palestinos lideram as disputas. Sob o solo do deserto, estão os lençóis da Cisjordânia. Até 1967, os palestinos usavam essa água à vontade, mas a ocupação israelense, após a Guerra dos Seis Dias, acabou com isso. Os poços são controlados por militares israelenses. E qualquer acordo de paz para a Faixa de Gaza exigirá um capítulo especial para a água.

         
CRESCE A BRIGA
Israelenses e palestinos, por sua vez, confrontam a Síria e a Jordânia pelo controle do vale do rio Jordão, a principal fonte de água da região. Exaurido pela mineração, pela irrigação e até pela manutenção de campos de golfe no deserto, o Jordão está minguando. Apenas um terço do volume original chega ao mar Morto, que pode sumir até 2050 e se resume a um lago sem vida, seis vezes mais salgado que o oceano. Não muito longe dali, a Síria briga com a Turquia e o Iraque pelo uso da bacia que envolve os rios Tigre e Eufrates. Dona das nascentes, a Turquia represou o Eufrates para gerar energia e irrigar cultivos e diminuiu a água que chega aos países vizinhos. O maior foco de conflito foi a represa de Ataturk, construída pelos turcos na década de 1990, mas novos projetos colocam em risco a paz. Na Ásia Central, a tensão também é crescente. O Tadjiquistão e o Quirguistão controlam 90% das reservas da região. Mas o Uzbequistão é o maior usuário e pede acesso facilitado.
Mais de 400 tratados internacionais envolveram o uso compartilhado de recursos hídricos desde 1820 – sem contar os acordos sobre navegação, pesca e demarcação de fronteiras. Um dos exemplos acorreu na Ásia, depois que Bangladesh passou 20 anos de escassez porque a Índia construiu a enorme represa de Farakka no curso do rio Ganges, para conseguir a maior quantidade de água antes do rio atingir o território de Bangladesh. O conflito só cessou após aassinatura de um tratado em 1996 para uso compartilhado da água. Mas o potencial de discórdia continua latente no percurso do rio Ganges, que nasce no Himalaia, atravessa a Índia e desemboca na baía de Bengala, em Bangladesh. Essa bacia reúne mais de 30 barragens e desvios que reduzirama vazão do rio em 60% na estação seca, prejudicando os bengaleses.
Há também disputas na África, onde a ONU estima que o acesso às fontes hídricas seja a causa número 1 de guerras até 2030. Na região do Nilo, nove países dependem desse rio para abastecer a população. O Egito faz pressão econômica e militar sobre a Etiópia e o Sudão, situados nas cabeceiras do rio, para que não construam barragens e diminuam o volume de água no trecho egípcio. Em Darfur, oeste do Sudão, a guerrilha é acusada de envenenar reservatórios para forçar a população mulçumana a abandonar a região. Os conflitos têm o potencialde expandir seus efeitos por outras regiões. A União Européia adverte que a falta de água vai acirrar a corrida de imigrantes para o continente europeu. A escassez hídrica, segundo previsões, deverá fazer perto de 100 milhões de refugiados ambientais no planeta nos próximos 20 anos.

         
MÁ DISTRIBUIÇÃO
Tudo isso acontece dentro de um planeta com muita água, mas pouco disponível para o consumo. Dois terços da Terra são cobertos por água, mas 97,5% desse volume é salgado. Dos 2,5% da água que é doce, quase dois terços estão congelados nas calotas polares. A maior parte do que sobra se esconde no subsolo e não tem acesso fácil. O que está pronto para uso humano fica nos rios e lagos, que significa 0,4% de toda a água do planeta. Mas nem essa porção está totalmente disponível. Para que não se esgotem os recursos, é preciso usar no máximo a mesma quantidade de água renovada pelas chuvas, dentro de um ciclo natural do qual participam os oceanos, a atmosfera, as florestas e as demais coberturas vegetais do planeta.
A conta limita a 0,002% a água utilizável da Terra. Precisamos de metade desse estoque. Se o padrão atual de consumo se mantiver, em 30 anos as necessidades humanas vão empatar com a capacidade da natureza de repor a água. Depois disso, ou racionamos o uso das torneiras ou vamos secar rios e lagos até exaurir totalmente as fontes. A ameaça é real, porque a população global não pára de crescer e precisará de mais água para se manter.
Recentes relatórios internacionais afirmam que a falta de alimentos já é uma realidade global. No futuro, a situação poderá ser ainda mais crítica, se não houver água. A escassez coloca em risco as metas da Declaração do Milênio, assinada em 2000,sob a coordenação da ONU, para reduzir a pobreza, a fome e a mortalidade infantile no mundo até 2015. Para nutrir a população mundial crescente, será necessário duplicar a atual produção de comida. Isso exigirá um aumento de pelo menos 14% na retirada de água para irrigar lavouras. Além do uso intensivo de água, há o risco de impactos negativos, como a ameaça de mais desmatamento, poluição por agrotóxicos e erosão dos solos.

 
CONFLITO ENTRE USOS
Atualmente, a agricultura é a atividade que mais consome recursos hídricos no planeta. Sozinha, representa 69% do consumo de toda a água doce. O aumento desse percentual pode provocar conflitos com os demais usuários. As indústrias utilizam 21% da água disponível na crosta terrestre e deverão usar mais para crescer e sustentar o desenvolvimento econômico. Os outros 10% vão para o consumo doméstico – e há necessidade de maior volume para abastecer a população não atendida.
A atual crise mundial dos recursos hídricos possui várias causas. Uma das principais, segundo a ONU, são as dificuldades de governo – ou seja, a incapacidade dos países de gerir a água de maneira eqüitativa, por fatores como a corrupção, a falta de financiamento para o setor e o despreparo técnico. O assunto preocupa: até 2025, o consumo total de água para os diversos fins aumentará 50% nos países em desenvolvimento e 18% no mundo desenvolvido. Esse crescimento poderá ser intolerável em várias partes do planeta, diz o relatório Global Environment Outlook, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 20 anos após a publicação do famoso documento Nosso Futuro Comum. Elaborado pela Comissão Brundtland, em 1987, foi o primeiro que alertou o mundo sobre a necessidade de aliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
A última edição do relatório diz que é necessário mudar padrões de produção e consumo. Para produzir um carro, gastam-se 400 mil litros de água. Um quilo de carne bovina consome 15 mil litros. Os especialistas dizem que também é preciso reduzir o consumo e melhorar a distribuição, tornando mais justo o acesso às fontes hídricas. O ser humano necessita de, no mínimo, 50 litros de água por dia para atender suas necessidades. Enquanto um norte-americano gasta, em média, 600 litros diariamente, um africano não tem mais de 20 litros para usar no mesmo período. Além do consumo exagerado, há desperdício. Nos plantios, dois quintos da água são perdidos com sistemas de irrigação ineficientes e, nas residências, um terço do consumo atual poderia ser economizado com medidas simples como não deixar a torneira pingando. No caso das indústrias, aplicando-se novas tecnologias, é possível reduzir em até 90% o consumo de água sem prejudicar a produção.

DESASTRE DA AÇÃO HUMANA
A desigualdade chama atenção. Existem muitas reservas de água em regiões desabitadas e poucas nas mais populosas, nas quais os impactos causados pela ação humana pioram o problema. Barrar os rios para gerar energia ou acumular água para abastecimento é uma dessas causas. Calcula-se que 60% dos 227 maiores rios do mundo sejam bloqueados por barragens ou desviados por canais, com impactos para os ecossistemas, para a pesca e para a população. Essas obras reduzem o fluxo natural de sedimentos carregados para os oceanos, causando salinização do solo, inundações e outros estragos nas zonas costeiras. Há mais de 45 mil grandes barragens, em 140 países. Só a China, para sustentar a economia em franca expansão, tem atualmente 105 obras dessa envergadura sendo planejadas ou em execução. As barragens, somadas à poluição dos rios e lagos, colocam mais de 3 mil espécies na lista das ameaçadas de extinção, segundo a organização internacional The World Conservation Union (IUNC).
A escassez vai além da pouca quantidade – é também uma questão de má qualidade. A poluição por agrotóxicos das plantações, substâncias químicas das indústrias e esgoto doméstico das cidades faz com que se busque água cada vez mais longe das cidades, a um custo maior. Saudáveis, só os rios distantes dos grandes centros urbanos, como o Amazonas, na América do Sul, e o Congo, na África, citados pela ONU como os menos problemáticos. Entre os mais poluídos estão o rio Amarelo, na China, e o Volga, na Rússia, onde a água potável se restringe a apenas 3% de sua bacia hidrográfica. No rio Colorado, nos Estados Unidos, a poluição transformou florestas em pântanos insalubres.

SANEAMENTO URGENTE
Uma das consequências é o aumento das doenças associadas à falta de água e à poluição dos mananciais, a maior causa de mortes no mundo. Cerca de 10 milhões de crianças morrem por ano acometidas de diarreia e outros males provocados pela água contaminada. Mais da metade das internações hospitalares no planeta resultam desses problemas, a um custo que supera 12 bilhões de dólares por ano. A urbanização contribui para agravar o quadro. Atualmente, metade da população mundial vive em cidades, sem os serviços adequados de saneamento. No globo, uma em cada cinco pessoas não tem acesso à água nem a esgoto tratado. Para reduzir esse déficit, a ONU escolheu 2008 como o Ano Internacional do Saneamento Básico, para conscientizar os países a reduzir pela metade a população não atendida por esses serviços, até 2015. Para isso, é necessário investir nesse período 10 bilhões de dólares por ano – menos de 1% do total gasto em programas militares no mundo.
Hoje, nos países em desenvolvimento, 90% do esgoto é devolvido à natureza sem nenhum tratamento. Como 1 litro de sujeira contamina 10 litros de água, é possível imaginar o tamanho do estrago e seus reflexos. A poluição atinge, também, os oceanos, muitas vezes levada pelos rios que neles deságuam. As indústrias lançam no ambiente 500 toneladas por ano de produtos tóxicos. Diariamente, são despejados 2 bilhões de toneladas e lixo. Exemplo dessa contaminação é a “lixeira” do tamanho do estado norteamericano do Texas, no Pacífico Norte, onde pesquisadores encontraram quase 1 milhão de pedaços de plásticos por quilômetro quadrado, com efeitos nocivos à biodiversidade marinha.
Resultados da ação do homem na atmosfera, como a emissão de gases de efeito estufa, podem agravar a escassez de água. O aquecimento global aumenta a temperatura dos mares e altera as correntes oceânicas que regulam o clima, promovendo mudanças no padrão das chuvas, que recompõem naturalmente os mananciais.Pesquisadores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) advertem que o mundo deve se preparar para os efeitos das mudanças climáticas na provisão de água no planeta.
 

EFICIÊNCIA E ECONOMIA
Segundo especialistas, dar maior valor à água é um caminho para reduzir desigualdades e conflitos. Os serviços de abastecimento precisam funcionar com eficiência, ser economicamente sustentáveis e ter preços justos. Atualmente, são os mais pobres que arcam com o maior custo da água. Em Dar es Salaam, na Tanzânia, os favelados pagam 8 dólares por mil litros de água comprada em latas, enquanto os mais ricos da cidade gastam 34 centavos pela mesma quantidade de água que chega às torneiras. No Reino Unido, esse mesmo volume custa 1,62 dólar e, nos Estados Unidos, 68 centavos. Países europeus aumentam a conta de água para reduzir o consumo.
O mercado de água já é bilionário. Em 2000, o Banco Mundial previa que, em alguns anos, esse comércio mundial movimentaria 1 trilhão de dólares. Parte desse lucro é auferida pela água engarrafada. Em dez anos, o consumo desse produto aumentou 145% no planeta, porque o consumidor não confia na qualidade da água que chega às torneiras e aceita pagar até dez vezes mais caro pela segurança. Seguindo essa tendência, é crescente a exportação de água para países que necessitam dela para manter indústrias e cultivos agrícolas. Empresas também planejam ter lucros com o tratamento de esgoto. Atualmente, só 5% desse serviço é prestado por companhias particulares, mas vários países têm planos de privatizar o saneamento básico, como forma de expandi-lo por um custo menor para o estado. 

Fernando Lemos





Atraso: Despejo de esgoto em curso d’água: falta de tratamento reduz o acesso à água potável no Brasil


TOTAL DE ÁGUA NO PLANETA
Água salgada: 97%
Água doce: 2,5%

TOTAL DE ÁGUA DOCE
Subterrâneas: 30,1%
Geleiras: 68,7%
Permafrost (camada de subsolo na tundra congelada): 0,8%
Água atmosférica e de superfície: 0,4%

ÁGUA ATOMOSFÉRICA E DE SUPERFÍCIE
Umidade do solo: 12,2 %
Atmosfera: 9,5%
Pântanos e áreas alagadas: 8,5%
Rios: 1,6%
Biotas: 0,8%
Lagos de água doce: 67,4% 




GOTA D'ÁGUA NO OCEANO

A água atmosférica e de superfície – o grosso
do que é usado pelo homem – é apenas uma
parte em 10 mil de toda a água do planeta.
É isso o que mostra este infográfico. Para
entendê-lo, considere que nesta página só
estamos vendo uma pequena parte do círculo
azul-escuro que representa a água salgada dos
oceanos: trata-se de uma circunferência com
2,9 metros de diâmetro.
No lado oposto, os rios estão representados por
uma parte tão pequena do círculo de água
atmosférica e de superfície que mal dá para ver
sua cor laranja. Comparando as duas áreas, você
terá uma noção da diferença de volume entre os
totais globais dessas massas líquidas



RESUMO – ÁGUA

Conflitos
Há risco de a disputa pela água escassa se transformar em guerras, de acordo com a ONU . A maior preocupação é com os países que compartilham o uso de rios e lagos. Até 2030, a água será o grande motivo de guerra na África. As principais causas dos conflitos são a incapacidade dos países de gerenciar a água, a falta de financiamento, o despreparo técnico e a destruição dos mananciais pelo uso irracional e pela poluição.

Distribuição
Apenas 0,002% da água do planeta está disponível para consumo. Para não esgotá-la, é preciso usar no máximo a mesma quantidade de água renovada pelas chuvas. Há regiões onde esse limite já se encontra ultrapassado e as fontes estão secando.

Agricultura
O cultivo de alimentos consome 70% da água do planeta. Para nutrir a população mundial crescente e vencer a atual crise de alimentos, sera necessário retirar mais água da natureza com o objetivo de irrigar as plantações. Esse aumento poderá entrar em conflito com o uso pelas indústrias e pelas residências. Calcula-se que o consumo total de água crescerá 50% nos países em desenvolvimento até 2025.

Uso racional
A tarefa de gerenciar os recursos hídricos exige promover o uso racional e reduzir o desperdício (boa parte da água é desperdiçada nos sistemas de irrigação, nos canos até chegar às residências e também nas torneiras). É preciso, ainda, evitar impactos causados pelo homem, como a poluição por resíduos industriais e esgotos, que pioram a qualidade e reduzem a quantidade de água para o consumo.

Brasil
O Brasil é o país mais rico em água, mas sua distribuição é desigual. Há fartura em regiões pouco habitadas, como a Amazônia, e escassez nas áreas mais populosas e nos lugares que sofrem com a seca. Os comitês de bacia, criados a partir da Lei das Águas, multiplicam-se no país para incentivar o uso equilibrado dos recursos hídricos.


Fonte:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_345575.shtml





         Tá com sede? Ajude a preservar
Todo mundo gosta de se refrescar com um copo de água gelada. Mas se o desperdício continuar como está, vai sobrar muito copo vazio por aí...
                                                           Por Lorena Verli 
A água é um líquido essencial para todos os seres vivos. Porém, no ritmo em que ela vem sendo usada pelo ser humano, pode acabar faltando.
Se o desperdício prosseguir nessa velocidade, daqui a 15 anos duas em cada três pessoas no mundo não terão água para beber. Esse é o alerta da Organização das Nações Unidas (ONU).
Mesmo sabendo das consequências do desperdício, muitas pessoas esbanjam água lavando calçadas, tomando banhos longos ou regando as plantas nas horas erradas. Nas grandes cidades, cada pessoa chega a consumir 500 litros de água por dia!

            CONSCIÊNCIA EM AÇÃO
Para preservar a água do planeta, não é preciso deixar a sujeira reinar. Com mais consciência e pequenas mudanças de comportamento no seu dia-a-dia, é possível diminuir — e muito — a quantidade de água que você gasta ao longo do ano. Então, comece agora e ajude a Terra a continuar sendo um planeta cheio de água.
1. Reutilize o papel
O que isso tem a ver com economizar água? É simples: para que 1 quilo de papel seja fabricado, são usados 540 litros de água. Ou seja, para fabricar 500 folhas (cerca de dois quilos), são necessários mais de mil litros de água. Então, use a folha dos dois lados. Assim, você precisará de menos papel e economizará água.
2 . Vai uma PET no banheiro?
Você tem uma caixa de descarga no banheiro? Pois saiba que cada vez que você aciona a limpeza, gasta em média 12 litros de água. Uma maneira simples de reduzir esse consumo é colocar uma garrafa PET de 2 litros, cheia de água, dentro da caixa de água. Dessa maneira, você vai economizar 2 litros toda vez que der a descarga
3. Escove os dentes a seco
Segundo o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, ao escovar os dentes com a torneira aberta durante dois minutos você gasta em média 13,5 litros de água. Mas se você abrir a torneira apenas quando necessário, vai usar menos de 0,5 litro. Ao longo do ano, você poupará 14 mil litros. Isso equivale a um caminhão-pipa cheio!
4. Acumule a roupa suja
Em vez de ir correndo para a máquina de lavar sempre que uma peça estiver suja, use a lavadora apenas quando tiver roupa o suficiente para enchê-la ao limite. Dessa maneira, você economiza água e, de quebra, poupa energia elétrica e dinheiro para o fim do mês.
5. Reaproveite a água
Capte a água de enxágue da lavadora de roupas e use-a para lavar o quintal e a calçada. Afinal, ela é praticamente limpa e pode ser reutilizada sem medo algum. Assim, você evita ficar com a mangueira aberta, gastando água tratada para manter esses ambientes limpos. Você pode achar que não gasta muito, mas ao usar a mangueira por 15 minutos você joga 279 litros de água potável dentro do bueiro
6. Coma menos carne vermelha
Pouca gente sabe, mas a produção de carne vermelha exige uma quantidade enorme de água. Para você ter uma ideia, para produzir 1 quilo de carne vermelha são necessários 200 litros de água potável. O mesmo peso em carne de frango usa apenas 10 litros
7. Use a água da chuva
Ela pode ter uma utilidade maior do que molhar seu quintal. Use um galão de 100 litros para captar a água que cai — de graça — do céu. Depois, use-a para regar as plantas, lavar o quintal e o carro ou dar banho no seu bichinho. Só não se esqueça de tampar o recipiente, para que ele não vire um foco de mosquitos da dengue.
8. Controle a sua conta de água
Se ela aumentou sem motivo, pode ser uma indicação de que há um vazamento em sua casa. Além disso, fazer esse controle é uma ótima maneira de ver como suas atitudes ajudam a diminuir o desperdício
9. Elimine os vazamentos
De acordo com o Instituto Akatu, um buraco com o tamanho da cabeça de um alfinete em um cano desperdiça até 3,2 mil litros de água por dia. Essa quantidade mataria a sede de uma família de quatro pessoas durante um ano. Em um mês, o desperdício pode chegar a 96 mil litros — o suficiente para suprir a necessidade de água da mesma família por 33 anos


Fonte:  Nova Escola http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/conteudo_421505.shtml

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