A água - Crônica
argumentativa
Dizem que
a água um dia vai acabar. Beto e Juliana acreditam nisso, mas só que eles não
fazem por onde para evitar esse problema. Sempre deixam as torneiras do
banheiro abertas mesmo quando não estão em uso, só para brincar. Eles sempre
dizem:
- Quem paga a
água da escola não somos nós, então podemos deixar a pia aberta à toa!
Mas o que eles
não sabiam é que a água que está jorrando na torneira da escola também está
interligada com a água que todo mundo bebe em casa e usa para tomar banho. Se
faltar esse líquido tão precioso, não poderão reclamar de nada, pois foram eles
mesmos que desperdiçaram.
Até que
aparece uma linda mulher é diz:
-Vocês não
podem ficar desperdiçando água à toa, porque tem muitas pessoas precisando dela. E vocês, o
que estão fazendo aqui dentro do banheiro?
- O Beto
perdeu a chave e agora estamos trancados aqui. O problema é que ninguém ouve a
gente - disse Juliana.
- É só
procurar a chave! – disse a linda mulher
Todos começaram a procurar, até que Beto sem querer
achou:
- Pessoal!
Pessoal! Achei a chave!
- Ainda bem,
porque se não a gente iria ficar presos até amanhã, então, vamos sair logo
daqui! - disse Juliana.
- Então pega a
chave, Juju!
- Por que Beto,
você está com algum problema? - disse Juliana.
- Sim! Sim! A
chave caiu dentro do vaso sanitário. E agora, você quer pegar?
- Beto! Não
acredito! Você deixou a chave cair dentro do vaso! Agora quem vai pegar é você.
- Não, eu já
disse que não vou pegar – afirmou Beto.
Enquanto eles
discutiram, Vinha uma mulher toda de branco com o nariz e a boca coberta de
algodão igual a uma maluca. Na verdade era uma mulher que estava morta há anos.
Quando eles viraram, tomaram um tremendo susto. Começaram a correr e correr até
que cansaram e resolveram parar, e perceberam que ela não falava, por isso
precisava fazer mímicas. Então ela queria disser alguma coisa e resolveram
tentar tirar o algodão. Depois de muitas tentativas, finalmente conseguiram.
Então ela contou toda a história dela quando morreu e quem ela era.
O final de
tudo descobriram que ela queria conscientizar os meninos que é preciso
preservar a água e gastar apenas o necessário na vida, se não, quem vai se
prejudicar serão as gerações futuras.
Depois eles
ficaram super envergonhados, porque tiveram que vir outra pessoa para mostrar
uma coisa tão simples.
Texto criado por: Mariana Barbosa Freires
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Aguá: a crônica da falta de
bom senso
por Reinaldo Canto
— publicado 16/02/2014 12h44
Os problemas de abastecimento são reflexos do mau uso e
desperdícios generalizados
Agência Brasil
Reservatórios estão em baixa em todo o país
Um calor acima do previsto e chuvas que não caem como em
anos anteriores. Além disso, um consumo em alta e os reservatórios em baixa
atingindo marcas históricas negativas. Todos esses fatores somados resultam na
séria e concreta ameaça de racionamento de água na região Sudeste, a mais
populosa do país.
É claro que esse estado de coisas deve ser considerado
atípico, mas diante da crise anunciada e um iminente “apagão” no fornecimento
desse líquido precioso, lá vamos nós caçar os culpados da hora!!
A mídia responsabiliza governos pela ausência de
investimentos no setor. Os partidos pró e contra defendem ou atacam conforme a
conveniência e a população reclama de todos afirmando que pagam suas contas em
dia e, portanto, não aceitam abrir mão do direito de ter água nas torneiras e
chuveiros sempre que quiserem fazer uso dela.
Afinal, foi o fenômeno climático, como consequência do
aquecimento global, o maior responsável pelas altas temperaturas e pela
ausência de chuvas?
Em parte podemos até afirmar que sim. Mas depender
totalmente dos ciclos de chuva do bom comportamento climático, apenas revela um
despreparo muito grande e que deve realmente assustar a todos nós.
Então, a quem cabe a maior responsabilidade? Acredito que
seja da visão limítrofe generalizada que ainda é capaz de dar pouca importância
a esse insumo fundamental para a vida de todos.
Façamos um exercício bastante simples. Imagine a falta de
muitos serviços que temos à disposição dentro das nossas casas. Pense que
durante um período você ficará totalmente sem energia elétrica, sem telefone ou
mesmo sem dispor da internet e da televisão a cabo. Muito ruim sem dúvida e que
podem trazer prejuízos diversos. Agora reflita sobre a total ausência de água.
Sem entrar na individualização dos problemas acarretados por cada um desses
serviços, o que naturalmente o obrigaria a sair de casa para buscar uma solução
é exatamente a água. Ela não é apenas vital para o nosso dia a dia, pessoal ou
profissionalmente como tantos outros, é basicamente uma questão de
sobrevivência.
Agora, com raras exceções, o mais essencial é,
invariavelmente, o mais barato de todos. É ao final das contas uma
impressionante inversão de valores, o que é mais importante custa menos que o
supérfluo... e vice-versa. Nessa hora prevalece a lógica do famigerado mercado
tão pouco afeito a enxergar além do curto prazo.
Esse olhar distorcido é o primeiro responsável pela nossa
crise de abastecimento de água. Depois dele tudo vai se complicando numa
espiral de problemas sobrepostos.
Cidadania também em falta
Senão, vejamos. Recentemente o escritor Ignácio de Loyola
Brandão publicou em sua coluna no jornal O Estado de São Paulo diversos
diálogos mantidos por ele com pessoas que faziam uso da água da pior maneira
possível. Estavam elas a varrer calçadas com a mangueira ou a lavar carros
pouco preocupadas com o desperdício de litros e litros de água tratada. Ao questionar
esses indivíduos, as respostas dadas ao conhecido escritor foram,
invariavelmente, semelhantes, indo de um simples: “cuide de sua vida” a um
“pago a água e gasto quanto quiser”.
Atitudes típicas de um individualismo contemporâneo e
nefasto. Essas pessoas agem como se não houvesse interesses coletivos que estão
acima dos seus de gastar água como bem entendessem. Temos direito a água,
certamente. Mas também temos o dever de fazer uso racional dela. Acima de tudo,
a água deve ser percebida como bem comum.
Então as famílias são as grandes responsáveis pelos
nossos problemas de abastecimento? Calma aí, não foi isso que eu disse. Existem
ainda outros atores nessa equação.
As enormes perdas do sistema
Segundo a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
e Ambiental) as companhias de abastecimento de água no Brasil são responsáveis
por uma perda média que chega a absurdos 40%. Mas existem empresas de
saneamento que perdem até 60%. Um volume de água impressionante que é
desperdiçado e que contribui fortemente para a atual situação.
E esse desperdício reverte em um círculo vicioso e
pernicioso. Quanto mais se perde água, menos a empresa responsável pelo
abastecimento será capaz de investir recursos para melhorar o sistema e
trabalhar para a redução dessas mesmas perdas. Ainda, de acordo com a ABES, são
diversas as razões para a manutenção desse cenário, entre elas, podemos
destacar a falta de quadro de profissionais capacitados; escassez de
equipamentos, a baixa capacidade de financiamento como já citado e por fim, a
ausência de uma coordenação geral redundando em uma gestão ineficiente do
sistema.
Então, leitor você poderá raciocinar, aí estão as grandes
responsáveis, ou seja, as companhias estaduais de abastecimento de água. Aí
serei obrigado a pedir um pouco mais de paciência para suas conclusões
definitivas.
Governos e suas campanhas
oficiais
A crise tomou tal proporção que, em São Paulo, o Sistema
Cantareira, um dos principais responsáveis pelo abastecimento dos cerca de 20
milhões de habitantes da região metropolitana atingiu a marca histórica de
18,8% no nível de sua represa. Diante desse fato, o governo do estado, por meio
da Sabesp, a companhia de abastecimento paulista decidiu por uma medida a
altura do momento (estou sendo irônico). Uma campanha em forma de súplica
pedindo às pessoas que economizem água em troca de uma redução de 30% na conta
mensal.
O tom dado por essa campanha seria, mal comparando, o
mesmo que premiar a honestidade ao invés de punir severamente os desonestos.
Essa comunicação perde a oportunidade de ir além, chamar à responsabilidade o
conjunto da sociedade, conscientizar sobre ações efetivas de bom uso da água e
ao mesmo tempo aqueles que mantiverem hábitos contrários aos da maioria da
população, deveriam receber severas multas. Também não precisaríamos chegar ao
momento atual para a realização de campanhas visando à economia de água. Elas
deveriam ser permanentes e cotidianas, até que um novo comportamento,
simplesmente, as tornasse desnecessárias.
O governo de São Paulo erra ao criar uma campanha mais
preocupada em não desagradar, de olho que está no ano eleitoral. O medo da
crítica é maior do que a busca por uma solução. Se é assim que o
cidadão/eleitor enxerga, portanto, a responsabilidade até pela campanha pouco
incisiva também pode ser dividida com ele pois é, exatamente essa postura de
não aceitar restrições impostas pelo setor público ao “sagrado direito de fazer
o que bem entender”, que contribui para a omissão do governo diante de ações
urgentes a serem tomadas que precisam, sim ser compartilhadas com a sociedade.
A iniciativa privada, indústrias, o agronegócio, enfim, o
setor produtivo, tem na água um dos insumos imprescindíveis para a existência
de seus negócios. Algumas empresas têm feito esforços na reutilização da água,
na redução do consumo e no tratamento, mas também existem muitas delas que
pouco fazem nesse sentido e precisam com urgência rever suas estratégias, pois
tudo faz crer que serão muito cobradas no futuro por sua falta de ação no
presente.
Em resumo, caro leitor, o que quero dizer é que somos,
com medidas e pesos diferentes, corresponsáveis pelos avanços, retrocessos e
pela atual falta de água. Como disse lá no começo desse artigo, um novo olhar,
uma nova reflexão sobre a verdadeira relevância das coisas e um compromisso
compartilhado precisará ser assumido por todos os setores da sociedade.
Hoje o problema é a água, amanhã será a energia, assim
como a questão dos resíduos, poluição, mobilidade urbana, etc, etc, etc. estão
todos colocados e já batem à nossa porta. Para vivermos de maneira mais
sustentável, justa e equilibrada, não se deve esperar milagres, mas a
participação de todos. Cuide da água, assim como de tudo que você considera
importante.
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Crônicas do fim do mundo —
o desperdício de água
Pra mim não há nada mais medonho do que ver alguém
lavando a calçada com mangueira.
Em 15 minutos, a pessoa desperdiça nada menos que 280
litros d’água. Esse volume é quase três vezes o que a ONU considera suficiente
para uma pessoa consumir ao longo de todo um dia, incluindo o gasto d’água com
higiene pessoal.
E é desperdício puro, porque, em vez de jogar água limpa
e potável no CHÃO, a pessoa podia simplesmente pegar uma vassoura ou, se fosse
realmente preciso para limpar alguma coisa bem específica, um ou dois baldes de
4 litros.
Acho que deveria haver uma forma de fiscalizar esses
seres humanos e multá-los, para ver se a prática é coibida. Ou pelo menos
deveria haver mais campanhas de conscientização para alertar os cretinos sobre
o que estão fazendo com um bem tão escasso.
Se lavar calçada com mangueira já é um absurdo, imaginem
como fiquei pasma ao ver, dia desses, um sujeito lavando a calçada com
mangueira SOB CHUVA! 8O
É de pedir pra apagar a luz do planeta logo, né. E nem
faço questão de ficar por último…
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Perigo da Falta de Água
No Sudeste do país está havendo uma crise muito grande
nos reservatórios pela falta de chuvas naquelas regiões que estão deixando as
barragens quase sem água para manter as necessidades da população daqueles
Estados.
O perigo está nas iniciativas do governo em fazer as
transposições das Bacias Hidrográficas de outros Estados que ainda estão com
algumas reservas em nível bem melhor de água do que em outras, com essa
passagem de água de umas para outras poderá causar um colapso total no
abastecimento d’água em todos os reservatórios, colocando em perigo as
populações do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Em vez dessa transposição de reservatório para
reservatórios, de rio para reservatório e de bacia para bacia hidrográfica, (na
espera de chuvas na região), o governo deveria de imediato ir procurando
construir poços artesianos, transpor água do mar direto para os reservatórios e
transformar em água potável, e também construir uma usina que puxasse a água do
aquífero e distribuísse para a população, antes que haja a crise maior.
Os cientistas há muitos anos já vinham dizendo que as
regiões frias iriam ficar quentes e as regiões quentes iriam ficar frias,
parecem que estavam certos, o clima está mudando, está havendo um grande
aquecimento mundial, o homem está mudando a topografia da Terra e isso está
causando o fenômeno do desequilíbrio climático e sócio econômico mundial.
Esse desabastecimento d’água na Região Sudeste do Brasil
já está causando o desabastecimento agrícola na região, os agricultores estão
diminuindo a produção, pelo racionamento d’água, que vai afetar o abastecimento
comercial e vai criar uma inflação galopante que o povo vai pagar pela
incompetência de gerenciamento administrativo político. Será que vamos viver
aqueles tempos em que teríamos de importar alimentos?
Só não vê as crises... São os governos…
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Racionamento de água à
vista. E aí, governador Alckmin?
Há mais de duas semanas publiquei aqui um artigo
intitulado "E ninguém vai falar sobre o risco de faltar água em São
Paulo?".
Falava sobre o descaso dos jornalões, do governo do Estado e da Sabesp com a situação, já naquela época, de quase colapso do sistema de abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo.
Àquela altura, apenas o Estadão havia abordado o assunto, timidamente.
Nos últimos dias, parece que o tema ganhou mais destaque na imprensa, mas ainda insuficiente devido à sua gravidade.
O site noticioso JornalGGN publica hoje matéria da experiente repórter Márcia Pinheiro, na qual Jeferson D'Addario, da Consultoria Daryus, põe o dedo na ferida. Segundo ele, a campanha que a concessionária começou a fazer para pedir à população que economize água é "tardia" e indica "falta de um planejamento mínimo do governo do Estado".
Segundo o consultor, "pelas previsões da meteorologia, haverá chuvas apenas a partir da segunda quinzena de fevereiro" e "se houvesse uma campanha desde junho do ano passado, as pessoas já estariam condicionadas a economizar".
Para ele, é pouco provável que não haja racionamento. "A questão é se a Sabesp disporá de caminhões-pipa para atender principalmente às necessidades dos bairros mais afastados."
E assim caminha a vida no reino tucano de São Paulo, com os negócios de Estado sendo tocados com um misto de irresponsabilidade, incompetência, oportunismo e desfaçatez.
É muito evidente que a Sabesp vem adiando uma decisão mais forte com medo de sua repercussão pública.
Afinal, este é um ano de eleição e o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, não pode ter a sua imagem de eficiente administrador, diligentemente construída nesses anos graças a polpudas verbas publicitárias e a uma consistente blindagem dos amigos da imprensa, sequer arranhada.
Ele já tem conseguido um milagre ao passar ao largo do megaescândalo do metrô, mas a decretação de um racionamento de água na capital do Estado mais rico da federação seria um inconveniente difícil de superar - até para ele, que, ao contrário dos outros políticos, deve grande parte do seu sucesso justamente pela sua ausência dos noticiários.
A água é o bem mais precioso do planeta Terra.
Se ela, tão valiosa, é tratada com tal menosprezo pelas atuais autoridades paulistas, dá para imaginar como são "administradas" as outras áreas.
Estamos, mesmo, entregues à nossa própria sorte.
Ou desgraça, como queiram.
Abaixo, o artigo "E ninguém vai falar sobre o risco de faltar água em São Paulo?", publicado no dia 14 de janeiro:
Há um ano, os jornalões anunciavam a idade das trevas no Brasil: as chuvas insistiam em não cair e um apagão geral e irrestrito era inevitável, graças à irresponsabilidade, à incompetência, ao desastre do governo petista.
Teve gente que acreditou e, como nos tempos de de FHC, comprou velas para se precaver do desastre.
Como se viu depois, não faltou energia.
Ao contrário, a conta de luz caiu, novas usinas foram inauguradas, o sistema energético brasileiro se mostrou muito seguro.
Mas os jornalões fizeram a sua parte na guerra empreendida pela oligarquia para derrubar os trabalhistas, como bons e disciplinados soldados.
Hoje, com a estiagem prolongada, o abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo está perto do colapso.
Ninguém da chamada "grande imprensa" parece se preocupar com isso.
A exceção talvez tenha sido o moribundo Estadão, que deu uma matéria, a respeito.
Sem muito destaque, é bom que se diga.
Mas estava escrito lá:
"Com o mais baixo volume de chuva da história para o mês de dezembro, os reservatórios do Sistema Cantareira - principal fonte de abastecimento de água das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas - atingiram seu pior nível de armazenamento dos últimos 10 anos. Em uma época que eles deveriam ser recarregados, as represas estão com 25% de sua capacidade e liberando água para garantir o abastecimento nesse atípico período de seca no verão.
O cenário colocou em estado de atenção a Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo (Sabesp) - que opera o Cantareira -, companhias de água do interior e órgãos gestores das bacias hidrográficas, que emitiram alertas essa semana sobre o risco de desabastecimento nos próximos meses, caso não comece a chover em maior volume.
"É um cenário bastante preocupante. De dezembro a fevereiro são os meses que chove muito. É quando é feito o armazenamento de água nos sistemas para garantir o abastecimento durante o inverno, que chove muito pouco", explica José Cezar Saad, do Consórcio das Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí."
A situação de hoje, domingo, dia 12 de janeiro, segundo a própria Sabesp, é a seguinte: Cantareira está com 25,3% de sua capacidade. Há três meses, tinha 39%; há um ano, 49,2%.
Não se vê, na televisão, nenhum apelo veemente das autoridades paulistas para que a população economize água.
Não se vê, na imprensa, nenhuma manchete alertando para a gravidade do problema.
Como se sabe, São Paulo é um feudo tucano há duas décadas.
Há 20 anos, portanto, a mídia paulista blinda as administrações estaduais.
Elas não fazem nada de errado, nunca mereceram e nunca vão merecer manchetes negativas.
A Sabesp é uma estatal que investe muito em publicidade - até mesmo em outros Estados, coincidentemente em época de eleição.
Mas vai ser difícil convencer a população da qualidade de serviços prestados pela
empresa se em alguns meses for anunciado, por exemplo, um rodízio no abastecimento de água.
Seria um vexame e tanto para
o Estado mais rico da federação.
E para essa notável administração tucana,
que tira de letra qualquer denúncia
sobre a lisura de suas ações, que são, é claro, sempre em favor do contribuinte, sempre a favor do interesse público.
Falava sobre o descaso dos jornalões, do governo do Estado e da Sabesp com a situação, já naquela época, de quase colapso do sistema de abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo.
Àquela altura, apenas o Estadão havia abordado o assunto, timidamente.
Nos últimos dias, parece que o tema ganhou mais destaque na imprensa, mas ainda insuficiente devido à sua gravidade.
O site noticioso JornalGGN publica hoje matéria da experiente repórter Márcia Pinheiro, na qual Jeferson D'Addario, da Consultoria Daryus, põe o dedo na ferida. Segundo ele, a campanha que a concessionária começou a fazer para pedir à população que economize água é "tardia" e indica "falta de um planejamento mínimo do governo do Estado".
Segundo o consultor, "pelas previsões da meteorologia, haverá chuvas apenas a partir da segunda quinzena de fevereiro" e "se houvesse uma campanha desde junho do ano passado, as pessoas já estariam condicionadas a economizar".
Para ele, é pouco provável que não haja racionamento. "A questão é se a Sabesp disporá de caminhões-pipa para atender principalmente às necessidades dos bairros mais afastados."
E assim caminha a vida no reino tucano de São Paulo, com os negócios de Estado sendo tocados com um misto de irresponsabilidade, incompetência, oportunismo e desfaçatez.
É muito evidente que a Sabesp vem adiando uma decisão mais forte com medo de sua repercussão pública.
Afinal, este é um ano de eleição e o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, não pode ter a sua imagem de eficiente administrador, diligentemente construída nesses anos graças a polpudas verbas publicitárias e a uma consistente blindagem dos amigos da imprensa, sequer arranhada.
Ele já tem conseguido um milagre ao passar ao largo do megaescândalo do metrô, mas a decretação de um racionamento de água na capital do Estado mais rico da federação seria um inconveniente difícil de superar - até para ele, que, ao contrário dos outros políticos, deve grande parte do seu sucesso justamente pela sua ausência dos noticiários.
A água é o bem mais precioso do planeta Terra.
Se ela, tão valiosa, é tratada com tal menosprezo pelas atuais autoridades paulistas, dá para imaginar como são "administradas" as outras áreas.
Estamos, mesmo, entregues à nossa própria sorte.
Ou desgraça, como queiram.
Abaixo, o artigo "E ninguém vai falar sobre o risco de faltar água em São Paulo?", publicado no dia 14 de janeiro:
Há um ano, os jornalões anunciavam a idade das trevas no Brasil: as chuvas insistiam em não cair e um apagão geral e irrestrito era inevitável, graças à irresponsabilidade, à incompetência, ao desastre do governo petista.
Teve gente que acreditou e, como nos tempos de de FHC, comprou velas para se precaver do desastre.
Como se viu depois, não faltou energia.
Ao contrário, a conta de luz caiu, novas usinas foram inauguradas, o sistema energético brasileiro se mostrou muito seguro.
Mas os jornalões fizeram a sua parte na guerra empreendida pela oligarquia para derrubar os trabalhistas, como bons e disciplinados soldados.
Hoje, com a estiagem prolongada, o abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo está perto do colapso.
Ninguém da chamada "grande imprensa" parece se preocupar com isso.
A exceção talvez tenha sido o moribundo Estadão, que deu uma matéria, a respeito.
Sem muito destaque, é bom que se diga.
Mas estava escrito lá:
"Com o mais baixo volume de chuva da história para o mês de dezembro, os reservatórios do Sistema Cantareira - principal fonte de abastecimento de água das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas - atingiram seu pior nível de armazenamento dos últimos 10 anos. Em uma época que eles deveriam ser recarregados, as represas estão com 25% de sua capacidade e liberando água para garantir o abastecimento nesse atípico período de seca no verão.
O cenário colocou em estado de atenção a Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo (Sabesp) - que opera o Cantareira -, companhias de água do interior e órgãos gestores das bacias hidrográficas, que emitiram alertas essa semana sobre o risco de desabastecimento nos próximos meses, caso não comece a chover em maior volume.
"É um cenário bastante preocupante. De dezembro a fevereiro são os meses que chove muito. É quando é feito o armazenamento de água nos sistemas para garantir o abastecimento durante o inverno, que chove muito pouco", explica José Cezar Saad, do Consórcio das Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí."
A situação de hoje, domingo, dia 12 de janeiro, segundo a própria Sabesp, é a seguinte: Cantareira está com 25,3% de sua capacidade. Há três meses, tinha 39%; há um ano, 49,2%.
Não se vê, na televisão, nenhum apelo veemente das autoridades paulistas para que a população economize água.
Não se vê, na imprensa, nenhuma manchete alertando para a gravidade do problema.
Como se sabe, São Paulo é um feudo tucano há duas décadas.
Há 20 anos, portanto, a mídia paulista blinda as administrações estaduais.
Elas não fazem nada de errado, nunca mereceram e nunca vão merecer manchetes negativas.
A Sabesp é uma estatal que investe muito em publicidade - até mesmo em outros Estados, coincidentemente em época de eleição.
Mas vai ser difícil convencer a população da qualidade de serviços prestados pela
empresa se em alguns meses for anunciado, por exemplo, um rodízio no abastecimento de água.
Seria um vexame e tanto para
o Estado mais rico da federação.
E para essa notável administração tucana,
que tira de letra qualquer denúncia
sobre a lisura de suas ações, que são, é claro, sempre em favor do contribuinte, sempre a favor do interesse público.
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